ANTONIO EMILIO DARMASO EREDIA
CASO ENCERRADO
Primeira Edição
Maio 2013
Capitulo I - OS ULTIMOS DIAS ANTES DA LIBERDADE
Parte - I - dia de visitas
Aquele domingo amanheceu como outro qualquer, talvez um pouco mais agitado por ser dia de visitas, quando os presos recebem suas mulheres, filhos e amantes, mas para o preso 11.601 nada mudaria. Durante os ultimos oito anos nenhuma visita, nenhuma carta nem mesmo seu advogado o tem visitado há mais de seis anos. Todos os recursos enviados à vara das execuções penais foram elaborados por ele, as vezes em folhas manuscritas.
- Que porra do caraio é essa, mano? - Seu colega de cela e um dos mais antigos daquela raia o interpelou - Tu sabe que ninguém pode ficar na cela quando as visitas chega, porra!
De fato, em dias de visitas as celas devem ficar a disposiçãop de quem recebe visitas e 11601 teve de sair para que o companheiro pudesse ficar a vontade com uma de suas amantes. Foi para o pátio de cabeça baixa, evitando olhar para as pessoas. Essa é uma regra dos presídios, especialmente em relação às mulheres dos presos.
O dia demorou a passar como todos os dias. 11601 esperava progredir de regime e nos ultimos tempo tinha se esforçado para isso, trabalhava na cosinha e as vezes servia na casa de um dos diretores, mas nem isso o ajudava.
Quando foi interevistado pela ultima vez por um psiquiatra, insistiu em dizer-se inocente e isso acabava interpretado como um sinal negativo à sua recuperação. Estava decidido a reconehcer a culpa mesmo sabendo ser inocente.
Na segunda feira foi logo de manhã levado à sala para exame, sentou-se à frente do psiquiatra e se revelou um homem arrependido e pronto para uma nova vida. Parece que desta vez foi visto de modo diferente. Normalmente seu pedido de progressão era analisado no dia da entrevista, mas desta vez o psiquiatra nãio deu nenhum parecesser. Estudaria o caso e o resultado seria enviado diretamente ao juiz.
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Soubera que o novo juiz da vara das execuções era um sujeito menos leglista e mais voltado a decidir com dicernimento. Suas decisões eram polemicas e muitas vezes questionada pela imprensa sensacionalista, mas isso não o abalava porque dizia fazer aquilo que sua consciencia mandava. Seu pedido de progressão ao regime aberto foi enviado já fazia algumas semanas por isso enviaram-lhe ao medico para exame das condições psicologicas. Quem sabe por ter se mostrado um preso reabilitado, desta vez ganhasse a liberdade, já que por lei, estava mais tempo preso em regime fechado que nem prcisaria passar pelo fase do regime semi-aberto.
Um mês e meio depois dessa entrevista estava na cozinha servindo para um delegação de juizses e promotores acompanhados de vários jornalistas em uma dessas visitas politicas, quando um dos jizes o chamou para conversar. Olhou para o Diretor como quem pede permissão, com o que o diretor aquesceu. Com as mãos mãos cruzdas para traz colocou-se a frente do juiz que se manteve sentado.
- Quanto tempo está aqui 11601?
- Oito anos senhor!
- De quanto é sua pena?
- Dezoito anos senhor, por duplo homicidio...!
- Arrependido?
- Muito senhor!
O diretor, que até então os observava de longe se aproximou e falou baixo em seu ouvido - Volte ao seu trabalho 11601! - encerrando assim a sua conversa com o juiz.
Ao longo dos últimos anos mutos pormotores e muitos juizes se aventuravam a passar por ali, geralmetne seguido pela imprensa, mas no dia seguinte o presidio votlava a sua rotina e nada mudava. Mal sabia 11601 que aquela conversa não foi em vão. Uma semana mais tarde recebia uma ordem judicial concedendo-lhe o regime aberto.
Caminhou sob aplausos e enstusiastos apertos de mãos por aquele corredor. Quando seu solhos pousaram sobre a linha do horizonte, enrubecida pelo alvorecer daquela terça-feira ensolarada, mal podia acreditar que estava livre. O mundo a sua frente nunca lhe pareceu tão amplo como nesse dia.
Em liberdade podia provar sua incencia e isso é que ele mais queria. Sabia que sua mulher não estava morta e quem sabe, encontrando-a seu filho já estivesse com oito anos, alegre e sorridente. Imaginou que a criança tlvez o recebesse com reservas, afinal não sabia como era seu pai, mas algum pensamento distorcido o fez estremesser. Ela poderia ter se casado com outra pessoa... ela poderia ter armado toda aquela trama que o levou pra cadeia. Sacudiu a cabeça como que para se livrar desses maus pensamentos e pensou que ela poderia estar viva em algum lugar, sequestrada por alguém epor isso não foi visita-lo e por isso todos acreditassem que estivesse morta.
Em sua mente veio a imagem daquela mulher linda por quem ele se apaixonou nos tempos de colégio. Seus cabelos compridos e escorridos desciam cobrindo em parte sua silhueta esquia e balançavam de um lado para o outro quando suas pernas longas e bem feita a levava pelos corredores da escola fazendo com que ele se perdesse em eroticos pensamentos. Lembrou-se de uma vez tomou uma reguada na cabeça quando foi interpelado pelo Mansenhor Henrique, diretor da escola - Não é assim que se olha para uma mulher. Vai levar muitas reguadas até que aprenda a olhar pra ela com respeito.
O que o Monsenhor não sabia é que não a via só como uma mulher que lhe provocava tesão, mas como alguém que lhe despertava um sentimento profundo, uma vontade de querer ter e ao mesmo tempo de querer estar junto, ser com ela como se um só fosse. Queria tê-la por toda vida. Um único ser, uma só mente, uma só carne.
Parte II - A liberdade
- Caraio mano, só pode ter dado o cú pra aquele juiz maluco... Cadê as correntes mano? - Esse era Eriberto da raia cinco. Em oito anos foi preso cinco vezes e agora estava no semi-aberto.
- Sem correntes, liberdade na boa!
- To falando... tem que dá o cú meu... e nóis aqui... semi aberto cara, tamo fudido do caraio!
- Te vejo por ai, vou antes que me coloquem de volta!
- Vai caraio. Se precisar de um bagulho procura minha mulher, mas não fode com a biscate não cara, se fuder com ela fodo com você, tá ligado?
- Precisa não to numa boa!
- Manda a porra de uns cigarros... Tá me devendo!
- Mando por sedex, mando sim!
Parte III - De volta à casa
Nisso o ônibus que o levaria para cidade encostou, alguns agentes do presidio desceram e 11601 subiu e tomou se lugar. Tudo lhe parecia mais brilhante, mais intenso, o ar da liberdade tinha um cheiro muito bom.
A cidade parece que cresceu, ou então tinha se esquecido de como já era grande. Ao descer em uma das paradas sentiu-se um pouco desambientado. O que parecia ser para o direita era de fato para a esquerda, então foi caminhando como alguém que se acha em um lugar estranho e quer ver tudo ao mesmo tempo.
Ao esbarrar em uma seunte pediu desculpas e seguiu mais atento às pessoas que aos prédios e carros. Sua casa devia ficar a algumas quadras dali e logo avistou o muro já bastante carcomido pelo tempo e falta de reparos.
Ao chegar à porta, olhou com tristeza para aquelas paredes desbotadas, os vidro quebrados e a porta arrombada. Com certeza ali foi ou ainda é um ponto de encontro de viciados ou um abrigo para mendigos.
Ao entrar viu os moveis que não forma surrupiados destruidos, queimados. Um fedor de merda inundava o ambiente e uma gata magricela com seus gatinhos esfomeados o recbeu com gestos pouco amistosos.
Lembrou-se de que ha pouco mais de oito anos era um ritual entrar pela sala largar a pasta sobre o sofá e correr para os braços da mulher amada, quase sempre cheirando a cebola enquanto preparava o jantar.
Depois do banho sentavam-se à mesa, com uma vela no centro, apagavam a luz e deixavam a unica chama ardente iluminar o ambiente, depois do jantar, rolavam na cama e fazima amor apaixonadamente.
Um morfcego alojado em uma das fendas do forro de madeira içou voo assustado e o tirou dos devaneios, trazendo-o à dura realidade. Este era só o primeiro dia de uma longa tortura. Nãop tinha onde ficar, sem dinheiro, sem emprego, com fome. A visinha do lado, mesmo o tendo reconhecido fechou a janela. Nã queria conversa com um ex-presidiário condenado por ter matado a esposa. Pareceu-lhe que naquela rua ninguém lhe daria se quer um bom dia, então lembrou-se do que Eriberto havia lhe dito "...se precisar de algum bagulho, procura minha mulher..."
Lembrou-se que certo dia ela falou ao Eriberto que estava trabalhando numa padaria, mas não se lembrava o nome. Tentou então puxar pela memoria se havia algum outro indicativo, uma referencia próxima, então lembrou-se de que ela vinha com o ônibus da fábrica de balas. Naquela cidade só tinha uma fabrica de balas, então dirigiu-se pra lá e começou a indagar sobre a esposa do Sr. Eriberto. Talvez tivesse perguntado para umas cinco pessoas quando um motoqueiro se aproximou - Você é o 11601 da raia sete? - Entrogou-lhe um capacete fedorento e mandou que subisse na garupa da moto.
De lá saíram passando por ruas cada vez mais desconhecidas até chegar a um barraco à margem de um riacho que mais parecia um canal aberto de esgoto cheirando a amonia. Para passar pela porta abaixou a cabeça e ficar em pé no interior do barraco era algo impossível.
A mulher do Eriberto era uma senhora pesando por volta de uns cento e trinta quilos, com os pés cheios de feridas provocadas pelo diabetes. O motoqueiro era seu filho, que com respeito beijou-lhe as mãos. Ela apontou para o fogão equilibrado por tres pés e o qurto pé sustentado por alguns tijolos. sobre o fogão um caldeirão sujo por fora, mas com um feijão preparado com carne seca exalava um odor até que agradável para quem não comia nada fazia horas.
- O moço pode se servir. É comida de pobre mas é o que temos!
O rapaz motoqueiro trouxe-lhe um prato de farro ágate e um garfo com os dentes retorcidos. 11601 olhou para a tábua onde estava o prato e viu que não havia outros pratos nem talheres. Provavelmente aqueles dois instrumentos eram os únicos usados pela familia, um após o outro.
Comeu como nunca havia comido tanto e agradeceu.
- Que pretende fazer filho, agora que está fora da cadeia?
- Preciso arranjar um lugar para passar a noite e amanhã procurar um emprego!
- Desiste filho, não quero te desanimar, mas ninguém vai dar emrpego para um ex-presidiário!
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A mulher do companheiro de prisão, devia ter lá seus trinta e cinco anos, mas aparentava bem mais devido não ter cuidado do diabetes, seu filho, o motoqueiro devia ter não mais que uns dezoito anos, mas bem forte e desenvolvido. Falava muito ao celular e as vezes nos deixava sozinho quando se entendia em código com alguém. Pelo teor da conversa era ele que controlava os negocios da familia enquanto o pai cumpria pena.
A mulher então com dificuldade levantou-se da cadeira e, apoiada num cabo de vassoura que fazia de bengala, caminhou com dificuldade até um armário empoeirado e, de dentro de um antigo bule de café, tirou algumas notas de dinheiro enroladas e acondicionadas em um saco plástico.
- Isto é um empréstimo, com certeza não vai querer esquecer-se disso!
Naquele momento 11601 pensou em recusar, mas com certeza se o fizesse não teria outra chance de conseguir dinheiro tão rápido. Olhou para aquela mulher com o dinheiro na mão e o braço estendido em sua direção. Não devia ter muito naquele pacote, mas o suficiente para pagar a passagem da circular, comer um lanche e procurar emprego nos proximos dias. Aceitou!
- Não temos onde acomoda-lo, como vê, nosso barraco é minúsculo, mas com esse dinheiro poderá pagar por uns dias em uma pensão qualquer!
Dizendo isso a mulher voltou a sentar-se e não disse mais nenhuma palavra. Sorriu tapando a boca com a mão, quem sabe envergonhada de exibir os dois ou tres dentes naturais que lhe restavam por extrair e fechou os olhos com quem cochilava. Devia de fato estar cochando quando 11601 saiu. Foi despedir-se do garoto que estava ao celular sobre a lage, mas ele o dispensou passando para a lage mais alta, com quem não quer ninguém se aproximando. Com um simples aceno de mão, 11601 foi embora.
Sentado no banco do ponto de onibus, contou o dinheiro e se surprendeu, era bem mais do que imaginava que fosse, mesmo assim, sabia que se gastasse todo com pensão faltaria para a circular e de antemão sabia que não seria fácil arrumar um emprego, até porque, acostumado ao ar condicionado e à poltrona fofa do escritorio, não era homem para servir de ajudante de pedreiro.
Aquela noite foi até a Santa Casa, e passou a noite por lá. Geralmente ninguém se importa com quem está num lugar assim, pois são tantas as pessoas que passam a noite em claro esperando noticias de alguém internado. De vez em quando podia tomar um café. Cada pessoa de melhor aparencia que sentava ao seu lado e puxava conversa, oferecia-se para algum trabalho, mas tão logo perguntassem onde esteve nos ultimos oito anos, a pessoa logo se levantava para sentar-se num banco mais distante.
Naquela noite ele percebeu que a vida para um ex-presidiário não é fácil, talvez por isso a grande maioria volta para o crime. Não há política de reintegração e até mesmo aqueles que pregam algo parecido não se dispõem a acolher um ex detento em suas casas ou comercios. Mas ele ainda tinha a casa, que apesar de tudo valia alguma coisa.
No dia seguinte foi até a prefeitura saber como andava as contas, e por sorte havia uma anistia parcial, contou o dinheiro que tinha no bolso e dava pra pagar o valor acumulado. Soube ainda que se não aceitasse o acordo, a casa iria a leilão e foi informado pela atendente, de que pessoas ligada ao atual prefeito já estavam de olho no imóvel que devia valer muito pela localização. Pagou com o dinheiro que tinha.
Voltou ao barraco do Eriberto e propos a mulher e ao filho que se mudassem para o casa, onde todos podiam dividir os espaços.
- Valeu mano, mas não dá pra gente morar em casa de bacana, nóis veve aqui na favela e aqui nois domina, sacô? - Disse o garoto.
- E a senhora o que pensa? - Perguntou à mulher.
- Por mim até iria, mas sabe como são as coisas... O menino tem de cuidar dos negocios enquanto o pai tá fora!
Definitivamente, 11601 não conseguiu leva-los para sua casa, longe daquele esgoto fedorento. Sentia pela mulher, que sem tratamento e um lugar aceado não teria muitos dias de vida. Ali não vinha médicos e ela não procurava tratamento nos postos da cidade.
A roupa do corpo com que saiu da cadeia estava suja e cheirando mal, então 11601 foi até um riacho, com um pedaço de sabão emprestado daquela senhora, foi até um rio cerca de sete quilometros longe da cidade, tomou banho e lavou as roupas. Como estava só de cuecas, escondeu-se no mato. Percebeu que por ali havia alguns ninhos de passarinhos com ovos que foi a sua refeição do dia.
Ao cair da noite, estava com roupas secas, cheirosas e amarrotadas, vestiu-as e foi para cidade. Encontrou-se com um morador de rua que indicou um lugar onde membros de uma determinada sociedade servia uma sopa deliciosa e nutritiva. Acompanhou-o.
- Cara você tá muito cheiroso, é capaz de não te darem a sopa... você precisa manter uma aprencia mais despresível, ficar mais sujo e mais fedido!
O mendigo falava corretamente o que chamou a atenção do 11601. De fato aquele homem apenas tinha desistido de viver. Outrora fora rico, e um proeminente advogado, mas desistiu de tudo. Repartiu tudo o que tinha com a mulher e os filhos, deu uma parte para a amante e, com roupa do corpo, saiu pelo mundo. 11601 não podia entender como pessoas inteligentes e cultas desistem da vida, mas cada um tem lá seus motivos e aquele homem não tinha nenhum problema apenas optou por aquela vida. Mas ele não queria aquela vida, queria apenas desvendar o misterio do desapareciemnto de sua mulher grávida, e provar que ela desapareceu e não foi morta por ele confomre o acusaram e puseram e o condenaram.
A refição era servida a noite, e durante o dia procurava entre um e outro pedido de emprego, alguns ovos de passaros. Descobriu que num canavial proximo pombas depositavam seus ovos em ninhos no chão, o que facilitou a busca. Estava bem alimentado e de vez em quando tomava um banho e lavava suas roupas, mas emprego que é bom nada. E assim foi aquela semana.
No domingo foi à missa, sentou-se num dos bancos e só depois da omilia percebeu que estava só, ninguém sentou-se ao seu lado. Quando todos foram embora o padre foi até ele e perguntou:
- Qual o seu nome filho?
Tão acostumado a ser chamado pelo numero da matricula respondeu:
- 11601!...
- Filho, perguntei seu nome, não seu numero!
- Daniel... Meu nome de batismo... Daniel!
- O que esteve nas cova dos leões! - Exclamou o padre.
Entrar na cova dos leões é pouco para quem cumpre pena sendo inocente. Entrar num presídio e ficar ali oito anos, é estrar no inferno onde leões são devorados na sobremesa.
- Vamos para minha casa, filho, passará a noite lá, amanhã vou arrumar umas roupas para você, esrtará bem alimentado e vou ver com alguns conhecidos se arrumo um emrpego para você!
- Me desculpe padre, mas sou um expresidiário!...
- Eu também filho, vivi preso a uma sociedade hipocrita que acredita em falsos valores... Me libertei e acolhi Jesus e a Boa Nova. Hoja sou um homem verdadeiramente livre, embora todos acreditem que eu viva enclausurado!
Caminhando para a casa paroquial, Daniel perguntou ao padre:
- Conheci algumas pessoas, moradores de rua, porque as igreja não os acolhe assim como o senhor está fazendo comigo?
- Filho, estes sempre os teremos por ai, mas pessoas como você não merecem estar com essa gente. Não vi maldade em seus olhos apesar de uma alma atormentada pela injustiça. Deus não o condena porque sabe que está limpo o seu coração!
No dia seguinte Daniel já tinha recuperado sua dignidade. Era um novo homem. Bem alimentado, bem vestido, de barba feita e cabelos penteados. Com alguns telefonemas logo o padre o colocou para trabalhar em uma empresa de um membro da Ordem de Maria. Em poucos dias Daniel nem mais se lembrava do presidio, pelas provações por que passou e só tinha em mente pagar o dinheiro que devia à mulher de Eriberto.
Cometou com o padre que estava devendo dinheiro para a mulher de um companheiro de presidio. O padre preocupado, sem que Daniel soubesse, ligou para o seu emrpegador e pediu que ele lhe adiantasse parte do pagamento.
No dia seguinte quando chegou na empresa, recebeu a noticia de que deveria dirigir-se a sala do chefe. Pensou até que fosse receber as contas, mas não, foi muito bem recebido. O Patrão lhe adiantou o dinheiro e mandou um carro leva-lo até a favela. Lá chegando percebeu que o motorista circulava com certa desenvoltura e era saudado por pessoas que aparentemente já o conheciam. Nada de anormal até então, afinal o motorista que o conduzia talvez tivesse morado ou fosse morador daquela favela.
Chegou até o barraco e encontrou a mulher cochilando na mesma cadeira, do mesmo modo como a vira quando saiu dali sem se despedir. entregou-lhe o dinheiro e pediu que o contasse. Ela disse que não precisava pois confiava nele. Em seguida chamou pelo garoto. Quando o menino entrou no barraco, o motorista do carro, sacou de uma pistola e matou os dois.
- Porra cara, porque fez isso? Meu Deus... Tá maluco?
- Entra no carro e cala a boca. Ordens do chefe... você não viu nada... nada, tudo bem?
Daniel tremia, e com uma msitura de medo e pavor entrou no carro e sairam sem maiores preocupações. Não abriu a boca e dicidiu que nã diria nada, nem mesmo ao padre. Quando chegaram no emrpesa foram direto para a sala do chefe. O motorista falou:
- Tudo certo doutor!
- Ok! Daniel, tire o dia de folga e esqueça o que viu... quem mantém a boca fechada vive mais... entendeu?
- No caminho pra casa do padre, o motorista disse a Daniel que aquele dinheiro era dinheiro do chefe. O chefe era um financiador do tráfico e Eriberto não o pagou antes de ser preso, portanto a mulher do Eriberto não tinha como ter aquele dinheiro todo em casa. Com certeza era dinherio do chefe.
Quando Daniel foi descer do carro, o motorista o segurou pelo braço e disse:
- O chefe gostou de você, se quiser trabalhar nesse negócio vai ganhar muito mais do que ganha fazendo o que faz atraz daquela escrivaninha lá na fabrica!
................................ 15:46 hs do dia 09-06-2013
Como acontecia todos os dias, nem um minuto a mais nem a mesnos o jantar na casa do padre foi servido no horário. Daniel estava sério e quase não disse uma palavra, o que chamou a atenção do padre:
- Filho, algum problema! Você não disse uma palavra desde quando entrou aqui!...
- É melhor que eu fique calado, assim vivo mais, como disse um amigo!
As horas foram passando e a angustia tomando conta de Daniel, era quem sabe por volta das duas da manhã quando ele bateu à porta do padre.
- Desculpe padre, mas creio que seria melhor convesármos!
- Pois não meu filho, se você acha que está pronto!...
- Ontem a tarde fui levado a um lugar a assisti a uma cena chocante, o que me faz pensar nessas pessoas que freuqntam a igreja e até participam de movimentos de evangelização... Essas pessoas passam por alguma triagem?
- Não sei porque me pergunta isso, mas com certeza não. A igreja está aberta a todo filho de Deus, não importa como tenha se comportado no passado!
- Não falo do passado padre, falo do presente. Não creio que meu patrão seja a pessoa que se mostra detnro da igreja... Seria bom que o investigasse!
- Não é papel da igreja investigar pessoas, mas acolhe-las... Você poderia ser mais específico em relação ao seu patrão?
- Não padre, deixa pra lá, era só essa dúvida mesmo... Boa noite, desculpe encomoda-lo!
Daniel voltou para o seu quarto e passou a madrugada em claro. Decidiu que nada diria. Essa é a regra numero um que aprendeu quando pos os pés no presídio. - Que cala vive mais! - Mas a padre também não dormiu pensando nas palavras soltas de Daniel. Não seria só uma simples dúvida que o levou a bater em sua porta as duas da madrugada.
No dia seguinte quando já estava só, telefonou para um amigo na Policia Federal e pediu que fizessem uma busca discreta sobre a vida pregressa do padrão de Daniel.
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Daniel então pos a reformar a casa, aos poucos foi comprando portas novas, vidros nas janelas e a duras penas aprendeu a manejar uma colher de pedreiro. Os vizinhos qua até então o ignoravam passaram a cumprimenta-lo rapidamente, sem esticar conversa. Em pouco tempo, só faltava a pintura e um jardim florescia na frente da casa com as mais lidas rosas das que sua mulher mais gostava.
Era chegado o momento de vender a casa. Reformada obteria um bom dinheiro. Colocou uma placa de "vende-se" e logo recebeu algumas propostas. Vendeu pela melhor oferta e dinheiro a vista. Agora sim, tinha o suficiente para realizar seu sonho. Foi até uma agência de carros usados e escolheu aquele que lhe pareceu robusto o suficiente para o que pretendia fazer. Reservou um pouco de dinheiro para as despesas e com o que sobrou comprou um minusculo apartamento em um prédio no centro da cidade, assim poderia deixa-lo fechado por meses se precisasse que estaria seguro. Uma casa térrea abandonada é um chamariz para os sem tetos, moradores de rua e ususários de drogas que não só a usam como a destroem.
Naquela tarde, despediu-se do padre e mudou-se para o apartamento. A van ficava na garagem enquanto ia ao trabalho de circular.
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O pedido do padre para o investigador da Policia federal, logo surtiu os primeiros resultados. O patrão de Daniel, não teve rendimentos suficiente nos últimos dez anos para que angariasse o monstruoso patrimonio consituido de várias fazendas, mansões no exterior e uma polpuda conta bancária.
Mas a investigação demoraria ainda alguns meses, quem sabe anos para se chegar a um resultado que pudesse afirmar que o dinheiro não vinha só das empresas, muitas com os balanços mascarados.
Daniel, embora trabalhasse em uma das empresas lucrativas, percebeu que o lucro era exagerado, mas manteve-se calado. Quem se cala vive mais, lembrava-se todos os dias.
Certo dia, ao sair da empresa, parado no ponto de onibus foi abordado por um carro de vidros escuros e obrigado a entrar. Em um primeiro momento pensou que pudesse estar sendo sequestrado, confundido com alguém e se recusava a acreditar que sua vida corria por um fio. Vendado rodaram por horas em ruas e ruas que percebia pelo carro que ora virava a direita ora a esquerda, até que finalmente pararam em um local, cujo aroma de terra molhada e o cantar de grilos denunciava ser a beira de um lago ou riacho.
Fpoi retirado do carro e o carregaram para dentro do mato, sentia um acumulo de folhas sob os pés e des vez em quando era desviado de uma ou outra arvore. Chegaram ao que parecia ser uma casa abandonada pelo ranger da porta. Tropeçou em alguns degraus mas logo sentiu-se apoiado em piso firme e reto quando o sentaram em uma cadeira. O calor de uma lampada queimou-se lhe o rosto e ofuscou-lhe a visão quando retiraram a venda.
Ali ele ficou amarrado por algumas horas e total silêncio.
- O que vão fazer comigo... Porque me trouxeram aqui?
Ninguém respondeu, o que o fez presumir que estivesse sozinho. Tentou afrouxar as algemas, mas quanto mais se debatia mais apertadas ficavam. Percebeu então que, mesmo que se soltasse da cadeira, não poderia fugir porque estava atado a uma corrente.
Finalmente ouviu vozes.
- E ai o galo cantou?
- Não o interrogamos, esperávamos pelo senhor!
O palavreado era titpo de policiais. Bandidos não usam essas expressões e nem agem desse modo. Havia muit repeito entre a pessoa que chegou e o que a estava esperando, um respeito hierárquico. Deviam ser policiais, pensou, mas se fossem policiais porque o teriam sequestrado, bastava que o levassem a uma delegacia.
Por causa d aluz forte, Daniel nção podia ver que interrogava, e foi submetido a um longo e exaustivo interrogatório sobre as atividades do patrão, a maquiagem nos balancetes e finalmente referiram-se as duas mortes ocorridas na favela.
Quem cala vive mais, e com isso sempre em mente, Daniel negou todos os fatos. De hora em hora vinham pessoas diferentes, faziam as mesmas perguntas, gritavam do mesmo modo, e obtinham as mesmas respostas.
- Ele é durão chefe, ou não sabe nada ou não vai falar!
- Vai falar sim... Põe no pau-de-arara!
Até então o castigo tinha sido só moral, mas agora começava as torturas fisicas. Com as mãos algemas entrelaçando as pernas, passaram um pau roliço pelas dobras dos joelhos e o dependuraram de cabeça para baixo. Daniel ficaria nesse posição durnate hroas até não sentir mais as extremidades. Por mil vezes pensou, que se estivesse alguém presente contaria tudo, mas tão logo retornaram aos interrogatórios manteve-se firme. Nesse ponto já não sabia mais quem era policia ou quem era bandido, já não sabia se aquelas pessoas eram policiais tentando arrancar alguma confissão dele ou se estavam a mando do seu patrão, testando seu grau de lealdade.
A lealdade para consigo mesmo era o garantia de sair vivo. Talvez não fosse muito mas era tudo o que tinha naquele momento. O silêncio era o seu melhor companheiro. Passou a pensar na sua tarefa de desvendar o misterio do desaparecimento da sua mulher e no motivo que o levou a prisão. Procurou manter seus pensamentos que nem mais ouvia as perguntas que lhe eram feitas.
Pelo teor das perguntas, quem fazia os interrogatorios sabia exatamente o que queria saber. Devia ser um expert em contabilidade e sabia também que a chacina na fafvela foi ato encomendado pelo seu patrão. Chegou um momento em que não sentia mais as mãos, as pernas, e o seu corpo, quando veio a sessão dos choques.
Amarraram-lhe eletrodos nos pés e nos testículos, dpeois jogaram um balde de água fria sobre o corpo nú, e alguém girou a manivela daquele magneto. As veias do pescoço solatvam e o coração aceleva de um modo que parecia fosse explodir. Quando terimanavam, ao invez de interroga-lo vinha outra descarga de eletricidade. Só depois de quase não conseguir falar, o interrogaram.
Sem que obtivessem respostas positivas, desistiriam e isso podia significar a morte ou a liberdade. Daniel então começou a imaginar-se livre, caminhando pelos lugares onde costumava passear com sua esposa, até o dia em que descobriram aquela cachoeira.
Acreditava que se mantivesse firme o propósito de estar vivo e trilhando pelos mesmos lugares isso daria a ele a chance de sair vivo. E deu certo. Daniel foi solto a alguns quilometros da cidade, com as roupas sujas e molhadas. o Corpo dolorido, arrastand-se para dar alguns passos, mas com vida.
Não soube quem foram os seus torturadores, mas isso o manteria vivo assim como o silêncio o manteve vivo até então. Não voltou ara o apartamento, foi direto para a casa do padre que o acolheu. A noite teve febre e pesadelos. Dois dias depois já estava refeito e porcurou o padre dizendo que pretendia confessar-se, mas antes indagou:
- Tudo o que eu disser no confessorio, será guardado entre nós, é verdade isso?
- Certamente, meu filho, o que disse a mim em confessório, não é a mim que dirá mas a Deus. O que você me disser estará dizendo a Deus, eu apenos ouço e não tenho o direito de divulgar aquilo que você disse para Deus!
............................................. 17:01 hs 09-06-2013 (final do 1 Capitulo)
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